Contos

Café das 05:00




Me lembro bem da época em que eu não me incomodava nenhum pouco em acordar cedo. Era tão agradável. Sabe quando de repente seu corpo já sabe o momento de ter o prazer em acordar cedo, abrir a janela e observar o sol nascer, ligar a tv onde passa qualquer coisa e você consegue assistir, prepara os biscoitos, toma o café normalmente como se nada lá fora te atrapalhasse ou fizesse você correr sabendo que aquelas 05:00 hrs não durariam para sempre?

Hoje em dia nem nas férias conseguimos fazer isso, normalmente dormimos o dia inteiro e acordamos só para comer, e se tiver um bônus nessa rotina "super" interessante, trabalhamos para comprar comida para dormir, acordar, comer e trabalhar novamente. O café das 05:00 não existe para aqueles que já estão lotados de afazeres, afazeres físicos e afazeres da sonolência. 

Conto isso para voltar no tempo e trazer para os dias de hoje, nem que seja somente na memória. Quando não tenho aula, gosto de acordar cedo para tomar um café da manhã melhor, abrir o notebook e escrever sobre as coisas em que acredito. Sabe no que acredito? Que ainda existem pessoas fascinadas por letras e acordam cedo para expressar as coisas boas, como por exemplo, o café das 05:00.


Medos

Aprendi que todos têm um. Até os que se dizem mais "valentões". Demorei um tempo para aprender a lhe dar com eles, sabe? Durante o meu crescimento... E ainda estou aprendendo, a gente nunca sabe tudo!

Eu tremi no meu primeiro dia de aula no Jardim da Infância, tremi nas primeiras e nas últimas provas do ano (na verdade em todas as provas que tive que fazer), tremi no ensino fundamental, tremi no ensino médio.. E vou tremer não sei quantas vezes até aprender do porque que eu tenho que tremer tanto. 

São fases! Vem e vão. Dura um tempo pra você aprender a conviver com elas, e quando você realmente aprende elas vão embora, para novas fases surgirem. A vida é cheia de fases, medos, e blá blá blá. Às vezes é entediante falar sobre isso porque todos já conhecem essa "ladainha" mas nem todos têm coragem de assumir o que se passa. Mas é nesse ponto que eu quero chegar:

Quando assumimos os nossos medos, assumimos a coragem que todos temos dentro de nós e essa coragem pode derrubá-los todos os dias.

"Aprender a controlar seu medo e libertar-se dele é o verdadeiro objetivo."

- Divergente

                                 Letícia S.



Atualmente 24

Atualmente tenho 24 anos e me recordo por rápidos flashbacks da época em que eu tinha 14. Os sentimentos estavam à flor da pele, e eu pensava que já sabia demais do amor, mal eu sabia que estava apenas começando a ser aluna dessa matéria tão complicada, para mim era complicada, hoje percebo que não é tão complicada quanto parece quando a gente tem sabedoria o suficiente para não deixar qualquer pessoa entrar na nossa vida.

Me lembro que as meninas da minha sala eram mais descontroladas do que os caras do bar que ficava na rua ao lado, e os meninos da sala... Continuavam sendo os mesmos, alguns se tornaram pais e tiveram que deixar um pouco a infantilidade de lado, outros "paradões" como sempre. Aquelas amigas que sempre sentavam comigo no intervalo e eram ótimas companheiras de sala, infelizmente não temos muito contato como antes. Os terríveis professores? Nunca mais os vi, e eu sou muito grata por ter aprendido coisas com cada um deles. Os melhores professores? Lembro deles com muito carinho!

Não sei porquê mas, aquela rotina sabe? De acordar às 05:40 da manhã porque eu pensava muito no meu empenho, e também não sei porque estou lembrando daquele Nescau 2.0 de todas as manhãs, que me mantinha segura de que eu duraria muitos anos já que eu nunca fui fã de comer fruta. 

Quando eu era bem novinha, não tinha muitos amigos como aquelas pessoas que tinham uns 30 amigos que se diziam os melhores. Eu tinha as suficientes que me colocavam sempre pra cima e que de alguma forma misteriosa me faziam feliz por tê-las por perto, uma entendia a outra. Algumas eu não tenho mais contato, outras estão comigo até hoje. Mas nenhuma delas foram esquecidas. 

Tive uma quedona por alguns caras e eles sempre eram mais velhos do que eu, nunca curti meninos da minha idade, por serem imaturos e terem a mania de partir corações das mais ingênuas. Bom, eu me considerava muito ingênua por querer ver o bem em tudo e em todos. Depois de um bom tempo percebi que não era bem assim que funcionava as coisas.

Hoje eu posso dizer que vivi bastante coisa até aqui. Não tenho a experiência que alguém de 50 já teve, mas sou feliz por ter aprendido com cada coisa simples e que antigamente eu imaginava que fosse um furacão. É viver e aprender, cair e levantar, acertar e errar, até fazer toda a prova e conseguir passar. 

                                               Letícia S.


Risco de ser feliz

Ela vivia sorrindo na esperança de encontrar dias melhores, mas como de costume sempre acontecia algo para constranger sua confiança. Ela tinha medo de compartilhar sua confiança com alguém, porque as pessoas nunca compreendiam a intensidade daquilo, não davam importância. 

Ela costumava conhecer pessoas que não se importavam com nada, apenas com o sentimento delas mesmas. Não era nada compatível com aquelas pessoas, simplesmente a feriam, mas ela sempre seguia em frente. Ela sabia que não era a única pessoa que corria o risco de ser feliz.
Ela se arriscava. Tombava, mas se arriscava. Algum dia ela sabia que conseguiria dar os passos certos.

Ela conhece pessoas e pessoas diferentes. Mas odiava fazer comparações. E de que adiantaria fazer tudo aquilo? Ela era muito esperançosa. Ela fazia planos. Ela acreditava neles. E no fundo acreditava nela. Ela gostava de correr os riscos de ser feliz.

                                               Letícia S.



A estranha série de Oliver Millër


Ele era especial, amável, respeitador e idealizava muito o seu futuro. Sonhava com a garota ideal que lhe daria a família ideal, mas focava primeiramente no seu emprego ideal para poder se manter ideal para a pessoa ideal. Poderia parecer meio perfeccionista, mas ele sabia exatamente onde estava, o que queria, o que estava à procura e o que provavelmente por mais que se esforçasse para conseguir tudo com sua dedicação e empenho demoraria a chegar... Porquê?

Assim como várias outras pessoas compartilhavam o mesmo oxigenio que o Oliver, havia uma em especial (pelo menos nesta história), e infelizmente o nome não é revelado. Ela era especial, assim como o Oliver, amável embora nunca compreendesse isso, e ao contrário dele, pouco se importava com o futuro, na verdade, no fundo ela se importava e muito, bem no fundo ela adoraria ver aquele sonho de menina se tornando realidade. O sonho dela era bem parecido com o sonho de Oliver, embora ele nunca se quer imaginava isso. Os dois ainda não se conheceram.

Certa vez, Oliver sentou em sua poltrona e começou imaginar aquele momento lindo do "sim" a parte mais emocionante pro noivo quando a noiva finalmente aceita o noivo na alegria e na tristeza. E no decorrer desse pensamento, ele não conseguia ver a noiva, ele só tinha a plena certeza de que ela estava tão linda quanto na primeira vez que se conheceram. Quando despertou de seus pensamentos, Oliver foi dar uma caminhada pelo quarteirão e propositadamente reparou em uma garota. Ela era da mesma altura que ele, tinha cabelos castanho escuros, um sorriso enorme no rosto, jeito bem menina, e uma aparência confiante. Ele ficou meio sem ação por realmente ter reparado fixamente em alguém, geralmente, ele reparava nas garotas de forma rápida, observando somente o exterior. Mas, algo lhe dizia que deveria conhecer de verdade aquela garota, e não o que lhe aparentava ser.

Numa palestra onde Oliver estava para buscar conceitos e conhecimentos para sua vida, estava ela com aquele lindo sorriso torto sempre constante. Por um segundo, ele toma coragem e se apresenta para a menina, bem próximo dela, ele percebe uma aparência muito mais que confiante. Ele vê tanta confiança, que ele chega a perder a sua. Como ele não tinha muito o que falar, foi embora. Mas a história não acaba por aí, eles trocam mensagens e criam uma estranha amizade indecifrável. Ela fica meio confusa sem saber ao certo o que realmente Oliver estava querendo com ela. Seria uma simples amizade que surgiu do nada? Seria uma típica história romântica que acabaria no "sim" Ou apenas mais uma história de desilusão amorosa que na verdade a real vítima é a menina cujo nome não é revelado? 

Seja o que for os dois já estavam envolvidos. Não se pode afirmar que Oliver Millër era diferente de todos os outros caras, até porque somos todos um diferente do outro, seja menino ou menina. Talvez sua vida não fizesse tanto sentido antes de conhecer a garota. Ele chegou de repente sem avisar, nem pedir licença.


                                                                                          Letícia S.